Relatos Diários - Parte 1
Mais um fim de semana chega para Sara. Após atravessar as portas do prédio onde trabalha, tudo que ela quer é esparecer.
Mas como? 33 anos e ainda solteira. Mulher bem resolvida financeiramente, mas e afetivamente? De tanto trabalhar, renegou amigos, e hoje nem eles mesmo se lembram dela na hora de ir para a balada, resumindo seus contatos a meros "olás" e perguntas triviais de como anda a vida. Uma bela mulher, mas cuja rotina e cansaço vêm tirando seu brilho e glamour.
Sara resolve então, se dedicar ao prazer que sempre nos acompanhará: comer. Decide ir ao shopping, fazer uma refeição e chegar em seu belo apartamento já de bariga cheia, apenas para assistir um pouco de tv e depois dormir, postergando o destino do seu fim de semana para ser decidido na manhã seguinte.
Shoppinf tranqüilo, ambiente perfeito pra uma refeição calma. Naquele início de noite de sexta-feira, se dá ao direito de comer alimentos gostosos, e iso lhe traz um momentâneo prazer. Ao fim da refeição, fica sentada observando o movimento. Não sabe ela que a tristeza espera essas brechas de pensamento para tomar conta. Começa a pensar como está sobrando no mundo, como queria ter alguém para encontrar quando abrisse a porta de seu apartamento.
Seu celular toca. É sua mãe, mulher alegre e que fala alto, e que surpresa! - ela também está no shopping. Vai entender esse destino que põe mãe e filha juntas em tao inusitado momento.
Antônia repara a tristeza da filha e não tem dúvidas do motivo. Com sua visível falta de delicadeza, diz:
- Filha, você precisa desencalhar!
Sara apenas suspira, e depois de alguns momentos em silêncio, replica em um tom automático:
- Vamos mãe, aproveito e te deixo em casa.
Elas se levantam, e assim acaba a saga de Sara no shopping nessa sexta à noite.
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Interlúdio: Numa mesa ao lado, dois homens discutem sobre a calcinha de Sara, que insiste em levemente escapar para fora da calça. Ela é estampada. E de algodão.